Crônica — O tempo em que andávamos sobre pontes
Houve um tempo em que Barreirinha era feita de madeira e coragem. Quando o inverno apertava e as águas subiam, era natural ver os moradores cruzando a cidade por cima de pontes improvisadas, escorregadias e incertas. A travessia pelas ruas alagadas fazia parte da rotina — crianças brincavam, adultos se equilibravam, e a cidade seguia, como sempre seguiu, firme na esperança.
Era bonito, de certo modo. Tinha um quê de resistência, de adaptação à natureza amazônica. Mas também era difícil. Difícil para os idosos, para as mães com crianças no colo, para quem carregava sacolas, sonhos ou preocupações nos ombros. As pontes de tábua eram símbolo de uma cidade que aprendia a sobreviver dia após dia.
Até que um dia, no compasso de uma nova gestão, Barreirinha começou a descer das pontes. O então prefeito Glenio Seixas, com olhos atentos para as necessidades do povo e pés firmes no chão da cidade, decidiu mudar o curso da história. Aterrou ruas. Níveis que antes eram apenas promessas foram erguidos, principalmente nas vias principais e em diversas travessas.
E o que parecia simples — um monte de terra bem colocado — virou transformação. Com os aterros, vieram a estabilidade, o alívio, a dignidade. As famílias passaram a andar sobre chão firme, mesmo quando o rio ameaçava subir. O verão chegava, a enchente voltava, mas as ruas resistiam. Barreirinha resistia.
Hoje, quem anda pelas ruas pode até esquecer que um dia caminhava por cima da água. Que era preciso cuidado para não cair, que havia sempre um pé molhado, uma tábua solta. Mas quem viveu esse tempo sabe: andar sobre o solo, sem medo, é um privilégio conquistado.
Foi um gesto administrativo, sim — mas também foi um ato de cuidado com as pessoas. Glênio Seixas, com sua gestão, deixou mais do que ruas aterradas. Deixou uma Barreirinha mais segura, mais estável, mais preparada para os ciclos da natureza.
E assim seguimos, com os pés no chão e o coração agradecido. Porque a cidade que já andou por pontes, hoje caminha por caminhos firmes — construídos com visão, trabalho e amor por este pedaço de mundo chamado Barreirinha Barreirinha.
D'marinho.