Nhamundá (AM) – Lideranças indígenas do Alto Rio Nhamundá e do povo Hexkaryana denunciaram publicamente o abandono e a precarização dos serviços prestados pela Casa de Saúde Indígena (CASAI) localizada no município de Nhamundá, no Amazonas. A denúncia foi formalizada em ofício assinado pela Associação dos Povos Indígenas do Alto Rio Nhamundá (ASPIARIN) e pelo Conselho Geral do Povo Hexkaryana (CGPH), sendo encaminhada às principais autoridades federais ligadas à saúde e aos direitos dos povos indígenas.
Durante visita realizada no dia 5 de junho de 2025, às 15h45, as lideranças constataram um cenário alarmante: os dois únicos veículos da unidade (modelos S10 e L200) estão paralisados, obrigando pacientes — inclusive crianças — a se deslocarem por meios próprios, como mototáxis, sob intenso calor e em condições extremamente precárias. A ausência total de transporte fluvial agrava ainda mais a situação, impedindo o retorno de pacientes às aldeias após alta médica.
Segundo a denúncia, servidores da própria CASAI têm recorrido ao uso de seus veículos particulares para transportar os pacientes, numa tentativa emergencial de suprir a ausência de logística pública. O documento também relata a falta de medicamentos, insumos de higiene e a inexistência de diálogo entre a gestão local da CASAI e a coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Parintins, órgão responsável pela unidade.
Apesar da gravidade da situação, o DSEI Parintins negou a denúncia. Em nota, afirmou que “a denúncia não condiz com a realidade” e garantiu que os serviços da CASAI Nhamundá são prestados com “profissionais capacitados, logística eficiente e respeito ao itinerário terapêutico dos povos indígenas”. O órgão ainda declarou que o retorno dos pacientes é garantido por meio de transporte aéreo e que há acesso à rede SUS de média e alta complexidade com segurança.
As lideranças indígenas, no entanto, rebatem com veemência: “O que estamos vivendo nas aldeias e aqui na CASAI é o completo descaso. Nossos parentes estão sendo tratados com abandono”, afirma um trecho do ofício.
Reativação imediata dos transportes terrestre e fluvial da CASAI Nhamundá;
Fornecimento regular de medicamentos e materiais básicos;
Contratação de soluções emergenciais para transporte de pacientes;
Estabelecimento de diálogo direto entre CASAI, DSEI Parintins e lideranças indígenas.
Humberto Sóstenes – Presidente do CGPH
Francisco Wanawa – Cacique da Aldeia Riozinho
Jonas Rosinaldo de Souza – Liderança e membro do ASPIARIN
Josias Mamtxeke – Secretário do CGPH
Narciso Kawnama – Vice-presidente do CONDSI
A denúncia escancara a fragilidade estrutural da atenção à saúde indígena na Amazônia profunda e cobra respostas imediatas do Ministério da Saúde, do Ministério dos Povos Indígenas, da SESAI e dos órgãos de representação indígena.
Tentativa de contato com o DSEI
A reportagem tentou contato com o coordenador do DSEI Parintins, Mecias Júnior, por telefone porém, ele não atendeu as mensagens e nem respondeu as nossas perguntas.
A Coordenação do DSEI Parintins, divulgou nota oficial diante às denúncias das lideranças indígenas de Nhamundá.Confira!
Com informações do Portal Norte Brasil/Parintins