Uma mulher de 34 anos, que era trabalhadora doméstica, foi resgatada no último dia 5 de junho de uma residência no bairro nobre da Ponta Negra, em Manaus (AM), após passar 22 anos em situação análoga à escravidão. A mulher começou a trabalhar na casa aos 12 anos, com a promessa de cuidar de uma idosa, ser bem tratada e ter acesso à educação. Contudo, a realidade foi marcada por exploração, abandono e trabalho forçado.
A ação de resgate foi coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia Federal (PF) e da Defensoria Pública da União (DPU). A vítima vivia sem carteira assinada, sem remuneração adequada, em jornadas exaustivas e sem autonomia. Morava em um quarto precário, sem guarda-roupa, ar-condicionado ou produtos básicos de higiene. Chegou a trabalhar descalça e sem acesso a xampu.
Além dos serviços domésticos, ela também produzia doces vendidos pelo empregador. Os poucos pagamentos recebidos eram justificados sob o argumento de que ela “fazia parte da família”.
Após o resgate, a trabalhadora recebeu apoio psicossocial da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (SEJUSC) e foi reintegrada à sua família biológica.
Desde 1995, mais de 65 mil trabalhadores foram resgatados de condições semelhantes no Brasil, segundo dados do Radar do Trabalho Escravo. Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo Sistema Ipê (https://ipe.sit.trabalho.gov.br).