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KENNED RAMOS: O PRIMEIRO ARTISTA QUILOMBOLA DO RIO ANDIRÁ A EXPOR NO LICEU DE ARTES E OFÍCIO CLÁUDIO SANTORO (BUMBÓDROMO) DE PARINTINS

A mostra é, assim, mais do que uma exibição artística: é um manifesto visual. Um convite à reflexão sobre as violências históricas e, sobretudo, sobre a potência criadora que emerge dos quilombos do presente, que seguem ensinando, resistindo e reinventando o mundo.

Redação
Por: Redação
06/05/2025 às 08h39 Atualizada em 06/05/2025 às 08h58
KENNED RAMOS: O PRIMEIRO ARTISTA QUILOMBOLA DO RIO ANDIRÁ A EXPOR NO LICEU DE ARTES E OFÍCIO CLÁUDIO SANTORO (BUMBÓDROMO) DE PARINTINS
Fotos:Arquivo pessoal/Divulgação

Parintins (AM) – O artista Kenned Ramos fez história ao se tornar o primeiro artista quilombola do Rio Andirá, no município de Barreirinha (AM), a realizar uma exposição individual no Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, no emblemático Bumbódromo de Parintins. Sua mostra traz à tona uma potente expressão estética e política da arte quilombola contemporânea, ancorada na ancestralidade afroamazônica e na resistência dos povos tradicionais.

Sob curadoria de Clarissa Suzuki, Kamy Wará e Gladson Rosas Hauradou (ICSEZ/UFAM), a exposição de Ramos propõe uma leitura contracolonial da arte como instrumento de denúncia, memória e afirmação identitária. Esculturas entalhadas em madeira – técnica herdada de seus antepassados – formam o núcleo da exposição, revelando narrativas que atravessam o tempo e ecoam os dramas e a espiritualidade do povo quilombola amazônida.
A cosmovisão expressa nas obras conecta o legado de Kemet (antigo Egito, ou Terra Negra), das tradições Iorubá e Banto às lutas contemporâneas dos quilombos pela terra, pela vida e pela cidadania. Ramos incorpora essas raízes em uma linguagem visual singular, que tensiona o universal e o particular a partir de um lugar de fala afro-indígena, afroamazônico.

"A arte quilombola é uma catarse estética", afirmam os curadores. "Ela é feita de saberes, sabores, espiritualidade e luta – uma resposta viva e sensível ao apagamento secular das contribuições africanas e afrodescendentes na construção da sociedade brasileira".
A mostra é, assim, mais do que uma exibição artística: é um manifesto visual. Um convite à reflexão sobre as violências históricas e, sobretudo, sobre a potência criadora que emerge dos quilombos do presente, que seguem ensinando, resistindo e reinventando o mundo.

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