O mundo católico amanheceu de luto com a morte do papa Francisco. Ele liderou a Igreja como sucessor de Pedro desde 2013. Foi primeiro pontífice latino-americano da história.
Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), no Vaticano, aos 88 anos, às 7h35 desta manhã (horário de Roma) após um agravamento em seu estado de saúde.
O papa vinha sendo tratado há meses por uma condição respiratória crônica. Sua última aparição pública ocorreu neste domingo de Páscoa, quando, visivelmente fragilizado, abençoou os fiéis da sacada da Basílica de São Pedro.
Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, deixa um legado profundamente marcado pela defesa da justiça social, do meio ambiente e dos povos originários.
Nenhuma região simboliza melhor esse compromisso do que a Amazônia. Ela ocupou um lugar central em seu pontificado.
Em 2019, Francisco convocou o Sínodo para a Amazônia. Foi um encontro inédito que reuniu bispos, indígenas e lideranças sociais para discutir os desafios enfrentados pelos povos amazônicos e o futuro da floresta.
O evento representou um marco histórico, trazendo ao centro da Igreja temas como a destruição ambiental, os direitos dos povos originários e a presença da Igreja nas periferias do mundo.
Durante o sínodo, o Papa chamou a atenção global para o que classificou como “pecado ecológico”. Na ocasião, denunciou a exploração predatória da floresta e das populações que nela vivem.
Francisco também incentivou uma “Igreja com rosto amazônico”, capaz de dialogar com as culturas locais e agir como voz profética diante das injustiças socioambientais.
O Papa Francisco, uma voz dos pobres que reformulou a Igreja Católica, morreu aos 88 anos, segundo o Vaticano.
A morte do papa foi anunciada na manhã de segunda-feira pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano.
“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, disse um comunicado do camerlengo.
Farrell continuou: “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.
“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, concluiu a declaração.
Francisco foi hospitalizado no dia 14 de fevereiro com bronquite e depois apresentou uma infecção polimicrobiana.
Em seguida, o papa recebeu um diagnóstico de pneumonia nos dois pulmões, uma condição que pode inflamar e cicatrizar os órgãos, dificultando a respiração.
O Vaticano descreveu a infecção do papa como “complexa” e explicou que foi causada por dois ou mais microrganismos.
Enquanto esteve no hospital, o pontífice apresentou diferentes quadros de saúde, tendo pioras seguidas de melhoras.
Durante a internação, Francisco sofreu uma “crise respiratória prolongada semelhante à asma” e precisou de transfusões de sangue em decorrência de uma baixa contagem de plaquetas, associada à anemia.
O pontífice também esteve em “estado crítico” enquanto internado e apresentou insuficiência renal inicial leve.
O papa chegou a gravar um áudio para os fiéis agradecendo orações pela melhora da sua saúde.
A mensagem ocorreu após o Vaticano dizer que o pontífice permaneceu estável e não teve nenhum novo episódio de crise respiratória.
Contudo, os médicos denominaram o prognóstico do papa de “reservado”, o que significa que ele ainda não estava fora de perigo.
Os episódios respiratórios de Francisco exigiram que ele usasse ventilação mecânica não invasiva, que envolve colocar uma máscara sobre o rosto para auxiliar na passagem do ar pelos pulmões.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, assumiu o comando da Santa Sé em março de 2013. Ele marcou a história da Igreja Católica como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
Histórico de saúde
O papa Francisco sofreu diferentes crises de problemas de saúde nos últimos dois anos.
Ele era particularmente propenso a infecções pulmonares após ter desenvolvido pleurisia quando jovem adulto, uma inflamação da membrana que reveste os pulmões. Devido à condição ele teve parte de um dos órgãos removida.
Em julho de 2021, o papa teve 33 centímetros do seu cólon removidos em uma operação de seis horas que visava tratar uma condição intestinal chamada diverticulite.
Já em 2023, Francisco foi internado em duas ocasiões diferentes.
Em março, o líder da Igreja Católica foi levado ao hospital após reclamar que tinha dificuldade para respirar, e se recuperou rapidamente após receber antibióticos para bronquite.
No mês de junho, o pontífice passou mais nove dias hospitalizado para realizar uma cirurgia abdominal, a segunda na região em um período de dois anos.
O papa também usou uma cadeira de rodas nos últimos anos devido a dores no joelho e nas costas. Durante a internação, ele continuou com fisioterapia para ajudar na mobilidade.
Por CNN Brasil