Após a publicação da matéria em que o idoso, Raimundo Souza de Andrade, 64 anos, afirmar que três vaqueiros lhe agrediram na zona rural de Barreirinha, a senhora Joelma Alfaia de Carvalho, esposa do vaqueiro Paulo Nelson Moraes de Souza, citado pelo idoso e conhecido como "Carumbé", entrou em contato com a redação do Barreirinha em Destaque para dar sua versão dos fatos, além dela, Carumbé, João Lúcio e Jonisor Barbosa, conhecido como “Camarão” também contaram suas versões do ocorrido.
Encontro do gado desaparecido
O vaqueiro Carumbé, foi informado sobre o sumiço dos bois de um empresário em Barreirinha e que, caso os localizasse, poderia ajudar a devolver ao dono. "Fomos informados que 15 bois de um empresário em Barreirinha sumiram do Matadouro, e se eu visse os bois, era pra avisar", explicou. Na manhã do mesmo dia, ele encontrou sete dos animais na Fazenda da Dona Marlene e imediatamente avisou o proprietário. "Eu liguei para o empresário e disse que tinha encontrado sete. Ele pediu para eu reunir o gado que, no dia seguinte, mandaria buscá-los", contou Carumbé.
Enquanto realizava um vídeo para documentar a localização dos bois, Carumbé contou que foi surpreendido pela chegada de Raimundo Souza, conhecido como "Nego", um pecuarista que reside na fazenda vizinha. "Ele chegou com ignorância, perguntando se eu estava mexendo no gado com a autorização do empresário. Eu não respondi, mas ele continuou me acusando, me chamando de ladrão e dizendo que se eu fosse buscar outro boi na fazenda dele, ia me meter bala", relatou Carumbé.
Tentativa de agressão e perseguição
O vaqueiro contou que a situação se intensificou quando Raimundo tentou ataca-lhe com uma estaca de madeira. "Ele pulou para dentro do curral com uma estaca na mão. Nessa hora, eu estava de costa e quieto. Quando ele veio para cima, eu me defendi com outra estaca", explicou Carumbé. Nesse momento, Raimundo tropeçou e caiu no chão. "Ele mesmo caiu de cara na terra, ninguém bateu nele", afirmou Carumbé. O trabalhador rural relatou que o fazendeiro estava armado e que ele e seus companheiros, João Lúcio e Camarão, agiram em legítima defesa. "Nós só seguramos ele para evitar que nos ferisse", contou.
A esposa de Carumbé disse que os homens montaram em Raimundo, pois ele iria pegar uma arma para matar o grupo, “Eles pularam em cima do Nego, pois ele iria pegar uma outra arma e matar eles, aí veio o empregado da dona Marlene que engasgou o Nelson, pra sair de cima (do Raimundo), mas eles estavam em cima porque eles estavam segurando o Raimundo pra não furar nenhum dos dois”, frisou Joelma.
Camarão, confirmou a versão dos fatos e disse que a reação de Carumbé foi em legítima defesa. "Ele pegou uma tranqueira e foi pra cima do Carumbé, que só se defendeu", relatou. Ele também confirmou que o ataque de Raimundo terminou com ele tropeçando e caindo no chão, sem que ninguém o tivesse agredido fisicamente.
"O Raimundo tentou agredi-lo com uma estaca, mas ele só se defendeu. Depois, ele caiu sozinho e ninguém bateu nele", afirmou Camarão.
Os vaqueiros informaram que a queda do idoso, no entanto, não foi o fim do conflito. "Quando ele caiu, levantou com raiva e correu para pegar uma espingarda. Ele disse que ia nos matar, então a gente decidiu sair rápido dali", relembrou João Lúcio.
O grupo contou que estavam desesperados, saíram Carumbé e os demais deixaram a fazenda às pressas, mas Raimundo e seus familiares não desistiram de persegui-los. "Ele correu para casa para pegar a espingarda e disse: 'Vou matar vocês, bando de filhos da p***'", relatou Carumbé. Temendo pela vida, eles fugiram.
"Nós vamos matar os três para não deixar rastro"
Ainda em entrevista ao Barreirinha em Destaque, os envolvidos contaram que no dia seguinte, tentaram ir até Barreirinha para registrar um Boletim de Ocorrência, mas foram novamente perseguidos. "Nós subimos no rabeta (canoa) para ir até a cidade, mas o filho do Nego e mais duas pessoas vinham atrás de nós na lancha, armados", relatou João Lúcio. Em uma tentativa de se proteger, o grupo encostou a canoa na margem do rio e se escondeu no mato. "Eu ouvi eles dizendo: 'Nós vamos matar os três para não deixar rastro'", disse João.
A esposa de Carumbé, Joelma Carvalho, também estava presente durante a fuga descreveu momentos de pânico. "Quando vimos a lancha deles se aproximando, saímos correndo para o mato. Eu saí sem sandálias, e meus pés ficaram cheios de espinhos", contou, com a voz embargada. Joelma também afirmou que sofreu com o cansaço e a fome, chegando a desmaiar duas vezes durante a fuga. "Nós andamos mais de 18 km, e eu desmaiei de fome. A gente estava completamente perdido", acrescentou.
João Lúcio confirmou a história de Joelma e ainda informou que o motor rabeta foi furtado. “Eu fiquei escondido no mato sozinho (Carumbé e Joelma foram pra outra direção), desci pra margem do rio para puxar a embarcação e encalhar. O parceiro (Nelson) foi embora pra mata e se perdeu. Quando consegui chegar em casa liguei pra eles e disse pra não voltarem no local, pois os três estavam de tocaia esperando a gente. O rabeta sumiu de lá também, não sei o que aconteceu com rabeta”, frisou João.
Carumbé e sua esposa disseram que passaram horas escondidos no mato, temendo que fossem encontrados. "Nós os vimos passarem de novo pela margem do rio, procurando a gente. Só conseguimos sair de lá quando achamos uma brecha para correr", afirmou Carumbé.
O casal contou que passaram horas escondidos e, finalmente, foram resgatados por familiares que vieram ao seu encontro. "Estávamos completamente perdidos, sem água, sem comida, e sendo caçados", completou.
* Assim como na primeira matéria, o Barreirinha em Destaque deixa o espaço aberto para que os citados possam entrar em contato com a nossa redação.
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