Além da capacitação profissional, o projeto ajuda no trabalho de ressocialização e é símbolo de esperança para quem busca por liberdade e recomeços.
Com agulhas, tecidos e criatividade estão sendo costuradas novas histórias e perspectivas para detentos do sistema prisional do município de Nhamundá, no interior do Amazonas. Um projeto de bordado desenvolvido na delegacia da cidade, que também funciona como unidade prisional, ensina a arte da tecedura para os custodiados do local. Além da capacitação profissional, o projeto ajuda no trabalho de ressocialização e é símbolo de esperança para quem busca por liberdade e recomeços.
O projeto, intitulado “Bordando Recomeços”, iniciou em julho e é apoiado pela Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Consiste em oficinas de bordado e rodas de conversa com os detentos da Unidade Prisional de Nhamundá. 10 custodiados participam das oficinais semanais.
“O trabalho é importante porque deu visibilidade e trouxe reflexão para quem acompanha o projeto. Dar visibilidade para essas pessoas é importante porque elas ficam esquecidas, invisíveis e muitas vezes ninguém pensa neles. Eu entendo que eles são detentores de direitos como qualquer um aqui fora e acredito na ressocialização das pessoas em privação de liberdade. Acredito que eles têm direito a uma boa alimentação, a atividades que possam prepara-los para a vida fora da prisão. E assim como vários outros segmentos sociais são importantes e merecem atenção, eu acredito que eles também têm direito a consumir cultura, consumir projetos culturais, consumir arte”, enfatizou a coordenadora do projeto, Julyane Monteiro.
Capacitação e esperança
De acordo com a coordenação, os participantes do projeto estão desenvolvendo a habilidades manuais e artísticas com a utilização de diversas técnicas de bordados com produções variadas em diferentes tipos de tecidos. A atividade ainda promove relaxamento e serve como válvula de escape do estresse do ambiente prisional.
Pedro Paulo da Costa, 36 anos, é um dos participantes do projeto. Ele tem se destacado pela habilidade demonstrada nas oficinas e exibe com orgulho as produções das últimas semanas.
“É uma obra que veio para nos ajudar. Na situação que a gente tá, a gente agradece de coração porque nem todas as pessoas enxergam a gente desse lado. Mas temos grande fé em Deus que a gente vai sair dessa. Com a ajuda deles a gente vai conseguir nosso objetivo de recomeço”, contou o Pedro Paulo.
Além da capacitação para a criação de bordados de todos os tipos, a atividade ainda possibilita uma forma de expressão pessoal, promove a concentração e a paciência, ajudando a aliviar as tensões do cotidiano na prisão. Além disso, ao se engajarem, os participantes têm a oportunidade de interagir socialmente e fortalecer laços comunitários.
“O impacto positivo do projeto se estende além das paredes da prisão, contribuindo para a ressocialização dos indivíduos ao fornecer-lhes habilidades que podem ser aplicadas após o cumprimento de suas penas, através de uma atividade profissional de bordado, bem como a comercialização de bordados e artesanatos nas feiras livres e eventos turísticos oficiais, que potencializam o fluxo de pessoas e vendas na cidade”, pontuou a coordenadora Julyane Monteiro.
As oficinas e rodas de conversa vão seguir pelas próximas semanas. O trabalho conta ainda com o apoio da 43ª Delegacia Interativa de Polícia de Nhamundá.
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